terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Um agradecimento ao destino

Brinquei no twitter fazendo uma série de posts com o tema “Boas surpresas de 2010”. Uma maneira legal de agradecer ao destino o fato de ter colocado pessoas incríveis no meu caminho. Pessoas que me ajudaram a reforçar valores antigos e conhecer valores novos.
Pessoas que me fizeram acreditar que a vida tem muita coisa boa a oferecer. Que, quando aparece alguém com vontade de te derrubar ou te insultar, também aparece alguém que pararia um pouco de caminhar para te levantar.
Pessoas como a @re_boeira, que apareceu na minha vida há algum tempo, mas que em 2010 fez questão de dedicar a mim palavras de ternura e amor, muitas vezes transformando dias cinzas em coloridos. Cores de Almodóvar.
Pessoas como @danikaspary e @alfalse. O carinho vai muito além do fato de eles terem vindo me buscar, onde Judas perdeu as botas, sem me conhecer, para ir ao show do LEONI. Sempre prontos para um sorriso, para um auxílio intelectual ou para uma piada inteligente. Lindos, iluminados, pessoas de sorte por terem um ao outro.
Pessoas como @carolboaretto, @rroca, @kssaum, @beaferelli, @estevaorizzo, @araujoeduardo, por me ensinarem todos os dias como ser uma pessoa melhor, pessoal e profissionalmente.
Pessoas como @ilimitados e @dri_molina, que fazem as manhãs difíceis serem encaradas com um sorriso. Competentes como poucos, com um coração que não cabe no peito.
Também tiveram as boas surpresas do mundo off-line, como reaproximações incríveis e intensas de grandes amigos “dos velhos tempos”; representantes com gabarito do mundo ambiental que norteia parte do meu trabalho; e uma turminha bacanuda de Rio Verde que, se Deus quiser, vai me receber para fazer muita festa lá na região norte do Estado.
Claro que tem mais um monte de gente. Claro que eu não lembrei de todo mundo. Mas outro grande aprendizado que 2010 me trouxe foi deixar as pessoas saberem o quanto são importantes para mim. Então, se você não está aqui e já ouviu meu “muito obrigada” pessoalmente, sinta-se querida e lembrada. Sempre.
Só isso que eu queria dizer. Obrigada ao destino por me trazer pessoas como estas que eu acabei de citar. Feliz 2011 pra gente.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O dom que veio com a insistência

Morro de inveja de quem diz que “queria ser jornalista desde criança”. Parece que esses sim nasceram com o dom pra coisa.
Eu, quando criança, não fazia idéia do que era jornalismo. Pra ser bem sincera, cheguei mais ou menos ao terceiro ano de faculdade sem saber direito. Escolhi jornalismo por ser o mais próximo do que eu imaginava que fazia bem: escrever. Minhas notas em português e literatura eram as mais baixas da grade, mas todos se encantavam com as minhas redações.
Engenharia? Nem pensar. Nutrição, psicologia? De jeito nenhum. Enfermagem, medicina? Nem sob tortura. Não me sobravam muitas opções.
Achava que se fizesse jornalismo, todos iam me ver na TV. Sim, eu queria aparecer na TV. Não adianta, TODO jornalista é narcisista. Em maior ou menor grau, mas é. Ninguém faz jornalismo para trancar-se em uma bolha e esconder-se atrás de pseudônimos. Toda pessoa que escolhe ser jornalista, escolhe para que vejam o que ela mostra, leiam o que ele escreve e escutem o que ela fala.
Entrei na faculdade com essa mentalidade, assim como 90% dos meus colegas. Passei quase dois anos estagiando voluntariamente em um projeto telejornalístico da faculdade, e adorava! Produzia, dirigia, filmava, editava, apresentava. Me sentia em casa.
Chegou o último ano e, adivinha o que a Bruna produziu como trabalho de conclusão de curso? Um videodocumentário? Um telejornal? Não. Uma proposta de suplemento para jornais IMPRESSOS.
Foi aí que tudo mudou. Foi aí que a mesma menina que tinha preguiça de escrever as benditas matérias para o jornal laboratório da faculdade ficaria apaixonada por aqueles pedaços de papel. Lá se vai um ano de formada. Um ano no mercado de trabalho. Um ano tocando um suplemento para jornal impresso.
Meu pai ainda assiste Fantástico e diz que vai me ver lá. Meus amigos ainda perguntam quanto tempo vai demorar para eu apresentar um jornal da Globo.
E eu? Eu me pergunto quanto tempo vou levar para continuar trabalhando com o que gosto com o bônus de poder ir ver meus pais no Natal.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Fato verídico

Pequeno resumo de como anda minha vida nesse momento.
- Mãe, queria um namorado...
- Tá, e o que você vai deixar de fazer pra namorar: dormir, comer ou trabalhar?
- É... não dá, né?
- Né.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Não deixe entortar

Gostaria de dividir uma experiência com vocês. Aliás, experiência não. Dividir um aprendizado, um “conceito” que ouvi hoje, da boca de um juiz da Vara da Infância e Juventude, sobre a recuperação de jovens que cometeram algum crime.
Fui fazer uma matéria em uma Unidade Educacional de Internação (Unei). Para quem não sabe, trata-se de uma “cadeia” para menores infratores, ou “adolescentes em desconformidade com a lei”, como prefere caracterizar o juiz. Para não ser chata e escrever demais, vou contar os detalhes que me chamaram atenção, em tópicos. Ler em tópicos é mais legal porque a gente vai pulando o que não interessa.
- Por ser uma unidade especial, onde só permanecem os adolescentes de bom comportamento, o cenário não lembrava nem de longe uma cadeia, a não ser pelas grades nas portas.
- Ao entrar, você fica de frente para um saguão, protegido pelas tais grades. O juiz avisou para os jovens que íamos entrar no saguão, eles dirigiram-se para os alojamentos (celas) e fecharam as portas que os separam do saguão. Assim, sem precisar orientá-los ou conduzi-los.
- Enquanto conversávamos no saguão, todos os 27 rapazes observavam agarrados às grades. Foi a primeira vez que tive uma sensação estranha, de estar sendo cuidadosamente observada em um ambiente que, definitivamente, não era o meu.
- O juiz quis mostrar um dos alojamentos. Avisou os jovens, eles se dirigiram para o fundo do quarto, e nós entramos. Não ouvi em momento nenhum a voz de algum dos rapazes. E a sensação de ser observada aumentou significativamente.
- Saímos e fomos para a diretoria. Por mais de uma hora o Diretor da Unei contou histórias e experiências vividas em 8 anos de socioeducação. Acompanhados do juiz da Vara da Infância e Juventude, conversamos sobre os motivos que fazem aquela Unidade ser diferente de tantas outras; diferente do que foi a Febem; diferente do que é a Unei Dom Bosco aqui em Campo Grande.
- Conversei com Pedro Henrique, um rapaz de 18 anos que matou um homem com um tiro há mais ou menos 7 meses. Ele está prestes a sair da Unei, diz que quer estudar, que já tem um emprego garantido e que nem pensa em fazer “cagada” de novo.
- O juiz contou que Pedro Henrique é “formador de opinião positiva” dentro da Unidade. Sempre que um outro jovem quer “desandar”, ele o faz desistir da ideia.
- Era aqui que eu queria chegar. Conversando sobre a reeducação e a re-socialização desses jovens, o juiz utilizou uma metáfora interessante. Ele disse que, quando afiamos uma faca, chega um momento em que a lâmina está perfeita, fina e afiada. Se continuarmos a afiar, a lâmina vai entortar. É assim com os jovens que aceitam a reeducação: eles atingem um “pico”, como no caso de Pedro Henrique. Se eles são mantidos por mais tempo atrás das grades, eles podem “entortar”.
Quanta coisa na vida da gente é assim? Quem dera saber exatamente a hora de parar de afiar; a hora de soltar o que está preso, para não entortar.

sábado, 24 de julho de 2010

Auto-engano



Você já percebeu o quanto fica idiota e fala besteira quando acaba de conhecer uma pessoa interessante? Justamente por tentar parecer interessante também, você começa a tentar agradar; relacionar as preferências da pessoa com as suas, para não parecer “muito diferente”.
Eu não tô falando de personalidade fraca ou qualquer besteira dessas; a gente SEMPRE tenta agradar alguém que nos agrada. Pelo menos à primeira vista. Segunda. Terceira.
O cuidado de não dizer que odeia Mc Donalds ou que ouve sertanejo. Que acha cerveja amarga demais ou que nunca viajou pra outro país. Detalhes; que a gente faz questão de manter longe dos primeiros diálogos, mesmo que a pessoa diga o quão interessante é ser diferente.
A graça é ir se desvendando aos poucos, se mostrando aos poucos. Deixar ela te pegar cantarolando Guilherme e Santiago e RIR MUITO da sua cara. A conquista é uma das ações mais nobres do ser humano, quiçá a mais. Justifica pequenos grilos e omissões.

Ps.: auto-engano tem hífen?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Conto de fadas para mulheres do séc. 21

No e-mail que eu recebi, diz que o texto é do Luís Fernando Veríssimo. Mas vai saber né...

Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...
E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: - Nem fo...den...do!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

5 de julho

Aniversário, geralmente, é um ano novo particular. Tá, tem gente que não gosta, não liga. Eu gosto e ligo muito, desde sempre. Canceriana feelings.
Apesar de nunca ter tido uma festa bombante ou uma surpresa inesquecível, sempre espero com ansiedade e me sinto diferente nessa data. Não sei explicar direito, mas é assim.
Começo a refletir sobre as pessoas a minha volta; perdas e conquistas; acertos e burradas e faço planos a curto, médio e longo prazo. Bem coisa de ano novo mesmo. MEU ano novo.
Do dia 5 de julho de 2009 até hoje, minha vida deu guinadas mirabolantes. Não vou entrar em méritos específicos, mas não custa registrar como anda minha vidinha hoje, nem que seja para ler no dia 5 de julho de 2011 e refletir mais um pouco.
Ali embaixo, no meu último post, eu ainda era uma acadêmica de jornalismo às voltas com a elaboração da monografia, sofrendo em um estágio meio tenso e passando por dificuldades emocionais. Hoje, sou jornalista (diplomada), passei de universitária quebrada para profissional registrada e meu coração acalentou-se.
Continuo morando na minha casinha, mas a distância dos meus pais diminuiu de 130 quilômetros para 8 quadras. Conheci pessoas incríveis; me aproximei mais de pessoas que já conhecia mas não imaginava o quão incríveis eram; me afastei de outras, algumas voluntária outras involuntariamente. Enfim, aquele monte de coisa que acontece o tempo todo com a gente, mas que merece uma fatiazinha do tempo para ser avaliado, com carinho ou indiferença, mas merece.
Paro para pensar nos objetivos que tinha a curto prazo, e fico imensamente feliz por tê-los alcançado, todos. Ter um emprego para poder comprar meu álbum de formatura; parar de passar as vontades capitalistas que me afligiam durante o curso universitário; descobrir que acertei na profissão e que sobreviverei à rotina dela.
Sim, o primeiro semestre de 2010 se resume a fatores profissionais. Chego a trabalhar 14 horas por dia, contando o tempo que passo ajudando meus pais. Mas não tem como não ficar feliz e orgulhosa com o que conquistei em apenas 6 meses de formada. Sempre tive grandes expectativas em cima de mim; famílias e amigos confiando em um sucesso às vezes utópico. Pelo menos, até agora, não decepcionei ninguém (nem a mim mesma, o mais importante).
Enfim, não casei aos 21 como imaginava quando tinha 11 e, possivelmente, não ficarei rica aos 22 e terei meu primeiro filho aos 23. Mas, na medida do possível, cheguei aonde queria chegar sempre que pensava com os pés no chão. Ah, aprendi a ter mais pé no chão. Mesmo querendo voar.
Ah, voei de avião. E meu ouvido nunca mais será o mesmo! Aprendi a ser mais tolerante com mudanças; aprendi a ser menos tolerante com injustiças. Aprendi a ser.
Um bom 5 de julho pra todo mundo. Um bom meu ano novo pra todo mundo.