Morro de inveja de quem diz que “queria ser jornalista desde criança”. Parece que esses sim nasceram com o dom pra coisa.
Eu, quando criança, não fazia idéia do que era jornalismo. Pra ser bem sincera, cheguei mais ou menos ao terceiro ano de faculdade sem saber direito. Escolhi jornalismo por ser o mais próximo do que eu imaginava que fazia bem: escrever. Minhas notas em português e literatura eram as mais baixas da grade, mas todos se encantavam com as minhas redações.
Engenharia? Nem pensar. Nutrição, psicologia? De jeito nenhum. Enfermagem, medicina? Nem sob tortura. Não me sobravam muitas opções.
Achava que se fizesse jornalismo, todos iam me ver na TV. Sim, eu queria aparecer na TV. Não adianta, TODO jornalista é narcisista. Em maior ou menor grau, mas é. Ninguém faz jornalismo para trancar-se em uma bolha e esconder-se atrás de pseudônimos. Toda pessoa que escolhe ser jornalista, escolhe para que vejam o que ela mostra, leiam o que ele escreve e escutem o que ela fala.
Entrei na faculdade com essa mentalidade, assim como 90% dos meus colegas. Passei quase dois anos estagiando voluntariamente em um projeto telejornalístico da faculdade, e adorava! Produzia, dirigia, filmava, editava, apresentava. Me sentia em casa.
Chegou o último ano e, adivinha o que a Bruna produziu como trabalho de conclusão de curso? Um videodocumentário? Um telejornal? Não. Uma proposta de suplemento para jornais IMPRESSOS.
Foi aí que tudo mudou. Foi aí que a mesma menina que tinha preguiça de escrever as benditas matérias para o jornal laboratório da faculdade ficaria apaixonada por aqueles pedaços de papel. Lá se vai um ano de formada. Um ano no mercado de trabalho. Um ano tocando um suplemento para jornal impresso.
Meu pai ainda assiste Fantástico e diz que vai me ver lá. Meus amigos ainda perguntam quanto tempo vai demorar para eu apresentar um jornal da Globo.
E eu? Eu me pergunto quanto tempo vou levar para continuar trabalhando com o que gosto com o bônus de poder ir ver meus pais no Natal.
Há 3 anos
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