quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

(Des)manual

Você passa por um ou dois (ou três) relacionamentos, amadurece, lê uma infinidade de “manuais emocionais” e acaba por adotar um discurso politicamente correto e coerente aos olhos da maioria. Entre tantos pontos, esse tal discurso preconiza que é preciso amar-se em primeiro lugar. Que você só será feliz com alguém se for feliz consigo mesmo. Que você deve manter a sua individualidade para que o relacionamento não fique “pesado”. Que você não deve colocar o outro acima de nada, mas em pé de igualdade com tudo o que lhe é caro.
Mas aí você conhece alguém. Alguém inadjetivável, com qualidades e defeitos tão sob medida que te faz questionar todos os manuais lidos até então. “Diferente” não é o suficiente para definir o que essa pessoa te faz sentir. Aliás, você pensa pensa e pensa e não consegue encontrar um mísero vocábulo capaz de traduzir o que se passa dentro de você.
E aí você começa a fazer de tudo por essa pessoa. Tudo aquilo que você sempre criticou observando casais aleatórios: namora depois de uma semana; diz que ama depois de 10 dias e que ama para sempre depois de 11; transporta pijama, chinelo e escova de dentes; diz que quer casar antes de completar 1 mês de namoro. E o mais louco de tudo isso, é que a outra pessoa também faz tudo isso por você.
Nesse momento você percebe que os tais “manuais emocionais” são um amontoado de besteiras e que, quando chega a hora, todas as regras e convenções vão para o espaço. Foda-se a sua individualidade! É no outro que você pensa primeiro. Danem-se os prazos, a cautela ou o que os idiotas parecidos com você vão pensar sobre essa pressa toda. Chegou a hora de falar igual criança, de inventar apelidos fofinhos, de elaborar declarações de amor diabéticas nas redes sociais, de querer (e tentar) ficar junto 24 horas por dia, de planejar um futuro a partir de uma certeza que vem do além.
A primeira briga acontece e você chora e grita e implora e se descabela para resolver a situação o mais rápido possível. O argumento de superioridade historicamente mantido por um orgulho tosco escorre pelo ralo e, de repente, você se vê reduzido a súplicas. Porque estar ao lado e não entrelaçar as mãos dilacera o teu peito como um punhal afiado. No primeiro beijo após a briga, saliva e lágrimas são uma coisa só, dando o tom da força do que sentem.
Inexplicável na medida de tudo que fora vivido antes. Compreensível na medida da fé que ambos mantêm. Inquestionável na medida da entrega palpável entre um e outro. A prova irrefutável de que manuais são sugestões, e não regras. Que não se aplicam quando o que o destino oferece foge de qualquer possível expectativa. E aí você se permite viver, se entregar, se atirar num penhasco de emoções com uma mão firme segurando a tua.
Chegou a tua hora!

Um comentário:

Anônimo disse...

Então você se vê calejado, maduro e crescido o suficiente devido aos relacionamentos prévios dessa sua encarnação (até na quantidade estivemos equiparados). Você se considera um cara racional graças a tudo o que a vida já te proporcionou. Acredita ser capaz de controlar tal qual um robô os seus sentimentos. Nesse mesmo momento, você se vê inserido em um vazio emocional. Passa a acreditar pouco a pouco que todos são iguais e que a parceira que idealiza não passará de algo utópico. Será necessário rever os seus conceitos? Será necessário buscar de outra forma? Exigir um pouco menos, quem sabe?! Na verdade, Deus sussurra em seus ouvidos de uma forma que quase não é possível se ouvir: Tenha paciência. A sua hora vai chegar... E quando você menos espera, realmente ela chega. Isso não é clichê. Isso não é forçação de barra. Não é discurso pronto. Isso realmente acontece. Aconteceu comigo e desde então eu incentivo as pessoas a exercitarem sua paciência pois mais cedo ou mais tarde, todos aqueles que merecerem, irão encontrar aquilo que de fato estarão procurando. E o que realmente eu encontrei? Bem, desde o primeiro momento encontrei uma das mulheres mais atraentes fisicamente que já conheci. Um rosto delicado, um olhar penetrante é um sorriso que é capaz de "abobalhar" qualquer cara. Mas logo me encantei com o seu cérebro. O que ela escrevia, seu sarcasmo, sua acidez nos comentários e principalmente seu conhecimento amplo me deixaram enfeitiçado. Mas de que adiantava? Nesse momento eu era mais um. Como então fazer-me notar? Como me destacar na multidão de almas que a cercam? E parece-me que a voz sussurrou mais uma vez: tenha paciência. A sua hora vai chegar... Os dias foram passando, a conversa não fluía e eu fiz aquilo que fiz com todas as demais. Deixei pra trás. Atenção, atração e desejo não se mendiga. Já que não me quer irei atrás de quem queira. Mas espere. Ela não é como as demais. Ela conseguiu se destacar na minha multidão de almas. Ora! Ela é especial. Então merece um tratamento especial de minha parte. Pois bem. Não sei como, não sei pq, mas sei exatamente qndo e onde eu resolvi falar com ela novamente. Era o dia 19 de outubro de 2014. Um domingo como outro qualquer. Meu Santos me fazendo passar raiva novamente, almoço de família, aniversário de criança, preocupação com as aulas da semana. Tudo na sua normalidade. Mas não. Aquele domingo era um domingo especial. A partir dele a minha vida mudou. Tenho a plena convicção de que forças superiores conspiraram dos dois lados para que a partir dali fosse aberto o caminho para que finalmente nos reencontrássemos. E o motivo de eu grafar reencontro, tu sabes bem neguinha. Pra mim, isso não vem de agora. E desse domingo eu já me vi imediatamente transportado para uma noite de quinta feira. Chuvosa e fria. Mas que entrou na minha vida com muita luz, cor e calor. Foi o beijo mais doce que já provei na vida. Confesso que quis dizer que te amava ali, naquele momento. Na chuva, todo molhado mas com a certeza de que sim, valeu a pena ouvir os sussurros e esperar a NOSSA hora. Muito obrigado por voltar a segurar a minha mão. Em breve essa mão estará enfeitada mas jamais estará solta. Te amo neguinha. Ontem, hoje e além da vida.