O plano de casar aos 21 e ter o primeiro filho aos 23, estabelecido por volta dos 12, não só caiu por terra, como chafurdou na lama. Aos 21 eu estava saindo da faculdade, encarando o primeiro emprego com carteira assinada, e muito mais preocupada em comprar um guarda-roupas maior e recheá-lo com roupas da estação, coisa que eu só havia passado vontade até então.
Mais ainda: me sentia uma moleca. Foram necessários mais alguns pares de anos para deixar de fazer uma careta bem torta ao ouvir alguém me chamar de "mulher". Como, então, pensar em constituir família sem sentir-se suficientemente adulta para tal? Filho era uma realidade tão tão distante quanto o reino daquele simpático ogro verde. Eu tinha mais facilidade em me imaginar vestida de astronauta flutuando em volta da órbita terrestre do que amamentando uma criança.
Só que Deus (ou o destino, ou a sorte, ou o livre arbítrio, ou o que quer que você acredite que rege a vida na Terra) sabe o tempo certo das coisas e tratou de preparar o terreno com esmero e capricho. Me fez passar por provas e expiações antes de me (re)apresentar aquele com quem eu decidiria caminhar lado a lado, para sempre. Aquele que me faria ter a certeza de que vale a pena passar por cima de convicções infundadas e teimosas em nome de uma harmonia valiosa.
Foi aos 26 anos (3 meses e 18 dias) que eu reconheci num olhar a possibilidade de, enfim, ter concluído a minha busca (mesmo que inconsciente). Não foram necessários muitos dias mais para, enfim, me ver como mulher. Como esposa. Como mãe. Desde que ele permanecesse ao meu lado. Se ele quisesse, eu deixaria de caminhar sozinha, de querer resolver tudo sozinha, de almoçar, jantar, caminhar no shopping e assistir novela sozinha. E ele quis.
Ele quis e deixou isso muito claro desde o princípio. Ele nunca teve dúvidas: foi presenteado com a certeza inquestionável já no primeiro momento. A sensibilidade e a pureza que a mãe natureza sabiamente lhe conferiu fez com que ele me reconhecesse com uma facilidade impressionante.
Decidimos, enfim, oficializar o "encerramento das buscas" perante a sociedade. Resolvemos, inspirados e incentivados pelos nossos pais, passar a ostentar uma bela joia dourada no dedo anelar direito. Um símbolo permanente do compromisso de amor desmedido, parceria inquestionável e cumplicidade eterna que assumimos mutuamente.
No dia 13 de março de 2015, dei um passo importante (talvez o mais importante de todos) rumo ao meu futuro. Escolhi quem é que vai escrever esse futuro junto comigo. No coração, a maior certeza é o esforço que ambos farão para que essa união dê certo e renda bons frutos, tal e qual os lares onde cada um foi criado.
"Não me falta o tempo que passa, só não dá mais para tanto esperar". Não precisa mais esperar, meu amor. Eu cheguei.